30.10.01

N�o concordo com sua teoria de que as pessoas sempre foram vazias desde o in�cio dos tempos, camarada Renato.
Tamb�m n�o aceito a teoria conspirat�ria esquerdista de Pixote, de que s� seguimos o que � conveniente ao poder constitu�do.
Vou tentar me explicar melhor: n�o acho que o mundo esteja parado. Pelo contr�rio: h� um movimento veloc�ssimo que nos impele para um futuro no qual a nanotecnologia ser� padr�o, no qual poderemos conversar com ciborgues e viver para sempre. Mas sinto que alguma coisa est� se perdendo, se esvaindo. A impress�o que tenho � que est�o todos sentados em suas poltronas, esperando pra ver o que vai acontecer...
Acho que fomos ficando pregui�osos com o tempo... e, neste caminho rumo ao oco, fomos ajudados (e muito) pela tecnologia. Ser ou n�o ser, saber ou n�o saber, aprender ou n�o aprender... � tudo quest�o de livre-arb�trio. O problema � que muita gente est� preferindo ficar sentado em frente � televis�o para ver "superpop" ou "te vi na tv". � foda, amigos. As pessoas n�o parecem a fim de aproveitar tudo o que est� ao alcance das m�os...
A sociedade est� retrogradando (o verbo existe... pode procurar no aur�lio). � paradoxal, mas � verdade.
Sen�o vejamos:
- Existe uma quantidade absurda de informa��o circulando por a�.
- Fora China, Cuba e os pa�ses mu�ulmanos, o mundo inteiro vive uma democracia. Portanto, quase todos t�m liberdade para fazer qualquer coisa.
Apesar disso, em que p� est� nossa sociedade?
Estamos cada vez mais monog�micos, cada vez mais isolados, cada vez mais presos a conceitos que j� haviam sido derrubados por quem pulou na lama em Woodstock...
O que mudou na cabe�a das pessoas? Respostas para este Blog...

Sobre este assunto, vou transcrever um trecho de uma cr�nica do ver�ssimo, que, por si s�, j� � uma resposta:
"Em Woodstock, (...), um ano depois do maio de 68 em Paris, reuniram-se as tribos da contracultura, como se chamava ent�o, para celebrar a aproxima��o de outro tipo de p�s-guerra, em que a paz, o amor e a fraternidade - sem falar no sexo, nas drogas e no roquenrol - venceriam o ego�smo capitalista e a tirania da moral burguesa.
O esp�rito de Woodstock n�o durou muito. Depois vieram os aborrecidos anos 70, quando todo o mundo teve que ir ser ego�sta e ganhar a vida. E a contracultura deparou-se com um dilema antigo: um ataque ao poder cultural - a "hegemonia" de Gramsci - n�o significa necessariamente uma amea�a ao poder real e muitas vezes a substitui. A cultura dominante absorve a contesta��o e desvia os golpes do sistema pol�tico dominante, que sobrevive, apenas com cabelos mais longos e roupas mais coloridas.
As ilus�es de Woodstock tamb�m n�o duraram muito. Pouco depois de Woodstock houve o festival de Altamond, na Calif�rnia, onde os seguran�as mataram um jovem a pauladas durante um concerto dos Rolling Stones e o movimento perdeu sua inoc�ncia. A guerra contra a guerra do Vietn� tamb�m ficou feia, radicalizaram a repress�o � contracultura (lembra contracultura?) e, com o tempo, veio uma trag�dia ainda pior: a gera��o de Woodstock envelheceu, e todos os seus filhos preferiram ser analistas de sistemas."