quem leu o artigo do Dapieve no cardeno especial do globo e a coluna do Pedro D�ria no NO de hoje deve saber que o assunto da moda � a censura sugerida pelo governo americano aos jornais e tvs do pa�s. � algo interessante, uma discuss�o que em muito me interessa. Tanto que, na �poca da faculdade, escolhi o assunto para minha monografia de conclus�o de curso.
se tiverem paci�ncia, d�em uma olhada no que escrevi na introdu��o daquele trabalho. Acho bem legal...
A cobertura jornal�stica de um conflito armado tem se tornado cada ver mais superficial. Nenhuma parte envolvida tem interesse em mostrar tudo o que acontece durante uma guerra. O que eles deixam passar para os meios de comunica��o � apenas aquilo que lhes poder� beneficiar de alguma forma.
Mas esta situa��o n�o � nova. Ela come�ou em 1856, durante a guerra da Crim�ia, quando um comandante do Ex�rcito Ingl�s assinou um despacho proibindo que o rep�rter Willian Howard Russel - considerado o primeiro correspondente de guerra - enviasse qualquer relat�rio que revelasse detalhes importantes sobre os planos ingleses, sob a amea�a de expulsa-lo do campo de batalha caso a ordem fosse descumprida. Na �poca, o militar brit�nico fez uso do principal recurso de censura em tempos de guerra, que ainda hoje � utilizado contra jornalistas em todo o mundo: a acusa��o de impatriotismo.
A partir de seu surgimento, a censura de guerra passou a ser parte quase indissoci�vel de qualquer conflito, usado com insist�ncia por militares e governos para impedir que o inimigo ficasse sabendo de seus planos com anteced�ncia, bem como para evitar que a popula��o de seu pa�s n�o tomasse ci�ncia de qualquer grande derrota de seu Ex�rcito, como baixas, rendi��es, etc.
Um dos melhores exemplos de como fazer censura em uma guerra foi dado durante a I Guerra Mundial, quanto todos os principais pa�ses envolvidos, como Inglaterra, Fran�a e at� a Alemanha, criaram esquemas para censurar qualquer reportagem sobre o conflito, e pior, chegando a criar fatos novos, todos falsos, que estes sim, poderiam circular nos jornais. Pequenos grupos de rep�rteres puderam ter acesso �s regi�es do conflito, mas nunca ao campo de batalha. Todas as informa��es recebidas pelos jornalistas lhes eram entregues pelos pr�prios militares envolvidos nos confrontos, que quando n�o inventavam fatos, os omitiam, apresentando apenas a vers�o oficial de determinado epis�dio.
A censura forte se repetiu na II Guerra Mundial, quando novamente apenas um seleto grupo de correspondentes p�de acompanhar os movimentos dos ex�rcitos aliados, mas sempre a quil�metros de dist�ncia das frentes de batalha. No lado alem�o, ao inv�s da censura declarada, eles optaram por usar um forte esquema de propaganda como arma contra a imprensa, distribuindo as vers�es dos combates sob a �tica nazista.
Durante os anos seguintes, a censura continuou sendo o instrumento mais usado para evitar que not�cias indesej�veis vazassem do front e chegassem aos ouvidos dos inimigos e\ou da popula��o dos pa�ses envolvidos.
Entretanto, uma modifica��o na linha de racioc�nio de militares americanos, j� no in�cio dos anos 60, provocou a mais importante mudan�a no tratamento jornal�stico de uma guerra, e estremeceu ainda mais a rela��o entre as for�as armadas e a imprensa: nos anos que duraram a Guerra do Vietn�, nenhum tipo de censura foi verificado. O governo americano preferiu montar um esquema de propaganda semelhante ao usado pela Alemanha na II Guerra. A estrat�gia n�o deu certo, e o que se viu foi a total liberdade em noticiar. Os rep�rteres n�o queriam saber se o que estava sendo mostrado era bom ou ruim para os Estados Unidos: eles estavam atr�s de boas mat�rias, e n�o se contentavam em receber apenas os releases com as vers�es oficiais, entregues pelo Ex�rcito.
As acusa��es de impatriotismo voltaram a surgir com for�a total, quando, j� nos anos 70, a imprensa conseguiu mudar totalmente a opini�o p�blica americana em rela��o �quela guerra: come�aram ent�o as manifesta��es contra o conflito. A partir de situa��es como a divulga��o de fotos e da hist�ria do massacre ocorrido em My Lai, a popula��o tornou-se consciente do absurdo da guerra e passou a exigir seu fim. Como poderiam os militares americanos imaginar que os mesmos rep�rteres que eles haviam estimulado ir ao Vietn� para mostrar ao mundo como o exterminar o "perigo vermelho" do comunismo, acabariam se tornando os principais respons�veis pela situa��o insustent�vel de revolta contra a guerra que aconteceu nos Estados Unidos?
O que aconteceu na rela��o entre os militares e a imprensa depois do Vietn� pode ser resumido em uma frase de Roberto Pompeu de Toledo, em sua apresenta��o � edi��o brasileira do livro "Ao vivo do campo de batalha", do rep�rter da rede americana de televis�o CNN, Peter Arnett: "O jornalismo nunca mais foi o mesmo depois do Vietn� (...) Passou a atuar num novo n�vel de cobran�a do poder e exig�ncia de rigor na apura��o dos fatos", isto �, a censura voltava ao cen�rio das guerras pelo mundo.
E assim foi com os conflitos no Oriente M�dio, com a interven��o militar na Granada, com a guerra da Malvinas e com diversos outros conflitos menores que aconteceram a partir de 1975.
A censura militar atingiu o cl�max no in�cio dos anos 90, com a guerra do Golfo, na qual, apesar do grande avan�o tecnol�gico, que permitiu (ou permitiria) ao mundo assistir toda a guerra ao vivo atrav�s da televis�o, o que se viu foi somente um show, montado tanto pelo lado iraquiano, quanto pelos pa�ses aliados, principalmente os Estados Unidos, que ainda n�o haviam conseguido esquecer os estragos causados pela liberdade de imprensa concedida no Vietn�.
Por mais de um m�s, o que se p�de ver (ou ler) sobre a guerra se resumia apenas �quilo que valia � pena (militarmente falando) ser mostrado - como foi para o Iraque a destrui��o de alvos civis por m�sseis americanos, mostrada com destaque pelo rep�rter Peter Arnett. Um outro exemplo foi o aviso dado no ar pelos rep�rteres da CNN em Bagdad, logo ap�s anunciarem o in�cio da guerra, no dia 17 de janeiro de 1991, informando que a partir daquele momento estavam impedidos pelo governo local de transmitir ao vivo os acontecimentos no Iraque. Da� para a frente, o conflito se transformou, para usar uma express�o que ficou famosa na �poca, em uma grande partida de v�deo-game, onde os perdedores eram sempre aqueles que buscavam informa��es precisas, ou pelo menos verdadeiras, sobre o que estava acontecendo na guerra.
Como se p�de observar, a pr�tica da censura militar durante os per�odos de guerra acompanhou a evolu��o dos conflitos. Mesmo com tecnologia de ponta e sat�lites � sua disposi��o, o correspondente ainda precisa se sujeitar ao controle dos comandantes. Suas reportagens s�o lidas e, dependendo do conte�do, podem ser totalmente censuradas, ferindo a liberdade de express�o, garantida por quase todas as constitui��es do mundo.
O presente projeto � n�o s� uma an�lise das raz�es que procuram justificar o surgimento da censura - do ponto de vista militar - mas, principalmente a sua utiliza��o como arma de guerra - ao menos psicol�gica - e suas implica��es na imprensa mundial.
se tiverem paci�ncia, d�em uma olhada no que escrevi na introdu��o daquele trabalho. Acho bem legal...
A cobertura jornal�stica de um conflito armado tem se tornado cada ver mais superficial. Nenhuma parte envolvida tem interesse em mostrar tudo o que acontece durante uma guerra. O que eles deixam passar para os meios de comunica��o � apenas aquilo que lhes poder� beneficiar de alguma forma.
Mas esta situa��o n�o � nova. Ela come�ou em 1856, durante a guerra da Crim�ia, quando um comandante do Ex�rcito Ingl�s assinou um despacho proibindo que o rep�rter Willian Howard Russel - considerado o primeiro correspondente de guerra - enviasse qualquer relat�rio que revelasse detalhes importantes sobre os planos ingleses, sob a amea�a de expulsa-lo do campo de batalha caso a ordem fosse descumprida. Na �poca, o militar brit�nico fez uso do principal recurso de censura em tempos de guerra, que ainda hoje � utilizado contra jornalistas em todo o mundo: a acusa��o de impatriotismo.
A partir de seu surgimento, a censura de guerra passou a ser parte quase indissoci�vel de qualquer conflito, usado com insist�ncia por militares e governos para impedir que o inimigo ficasse sabendo de seus planos com anteced�ncia, bem como para evitar que a popula��o de seu pa�s n�o tomasse ci�ncia de qualquer grande derrota de seu Ex�rcito, como baixas, rendi��es, etc.
Um dos melhores exemplos de como fazer censura em uma guerra foi dado durante a I Guerra Mundial, quanto todos os principais pa�ses envolvidos, como Inglaterra, Fran�a e at� a Alemanha, criaram esquemas para censurar qualquer reportagem sobre o conflito, e pior, chegando a criar fatos novos, todos falsos, que estes sim, poderiam circular nos jornais. Pequenos grupos de rep�rteres puderam ter acesso �s regi�es do conflito, mas nunca ao campo de batalha. Todas as informa��es recebidas pelos jornalistas lhes eram entregues pelos pr�prios militares envolvidos nos confrontos, que quando n�o inventavam fatos, os omitiam, apresentando apenas a vers�o oficial de determinado epis�dio.
A censura forte se repetiu na II Guerra Mundial, quando novamente apenas um seleto grupo de correspondentes p�de acompanhar os movimentos dos ex�rcitos aliados, mas sempre a quil�metros de dist�ncia das frentes de batalha. No lado alem�o, ao inv�s da censura declarada, eles optaram por usar um forte esquema de propaganda como arma contra a imprensa, distribuindo as vers�es dos combates sob a �tica nazista.
Durante os anos seguintes, a censura continuou sendo o instrumento mais usado para evitar que not�cias indesej�veis vazassem do front e chegassem aos ouvidos dos inimigos e\ou da popula��o dos pa�ses envolvidos.
Entretanto, uma modifica��o na linha de racioc�nio de militares americanos, j� no in�cio dos anos 60, provocou a mais importante mudan�a no tratamento jornal�stico de uma guerra, e estremeceu ainda mais a rela��o entre as for�as armadas e a imprensa: nos anos que duraram a Guerra do Vietn�, nenhum tipo de censura foi verificado. O governo americano preferiu montar um esquema de propaganda semelhante ao usado pela Alemanha na II Guerra. A estrat�gia n�o deu certo, e o que se viu foi a total liberdade em noticiar. Os rep�rteres n�o queriam saber se o que estava sendo mostrado era bom ou ruim para os Estados Unidos: eles estavam atr�s de boas mat�rias, e n�o se contentavam em receber apenas os releases com as vers�es oficiais, entregues pelo Ex�rcito.
As acusa��es de impatriotismo voltaram a surgir com for�a total, quando, j� nos anos 70, a imprensa conseguiu mudar totalmente a opini�o p�blica americana em rela��o �quela guerra: come�aram ent�o as manifesta��es contra o conflito. A partir de situa��es como a divulga��o de fotos e da hist�ria do massacre ocorrido em My Lai, a popula��o tornou-se consciente do absurdo da guerra e passou a exigir seu fim. Como poderiam os militares americanos imaginar que os mesmos rep�rteres que eles haviam estimulado ir ao Vietn� para mostrar ao mundo como o exterminar o "perigo vermelho" do comunismo, acabariam se tornando os principais respons�veis pela situa��o insustent�vel de revolta contra a guerra que aconteceu nos Estados Unidos?
O que aconteceu na rela��o entre os militares e a imprensa depois do Vietn� pode ser resumido em uma frase de Roberto Pompeu de Toledo, em sua apresenta��o � edi��o brasileira do livro "Ao vivo do campo de batalha", do rep�rter da rede americana de televis�o CNN, Peter Arnett: "O jornalismo nunca mais foi o mesmo depois do Vietn� (...) Passou a atuar num novo n�vel de cobran�a do poder e exig�ncia de rigor na apura��o dos fatos", isto �, a censura voltava ao cen�rio das guerras pelo mundo.
E assim foi com os conflitos no Oriente M�dio, com a interven��o militar na Granada, com a guerra da Malvinas e com diversos outros conflitos menores que aconteceram a partir de 1975.
A censura militar atingiu o cl�max no in�cio dos anos 90, com a guerra do Golfo, na qual, apesar do grande avan�o tecnol�gico, que permitiu (ou permitiria) ao mundo assistir toda a guerra ao vivo atrav�s da televis�o, o que se viu foi somente um show, montado tanto pelo lado iraquiano, quanto pelos pa�ses aliados, principalmente os Estados Unidos, que ainda n�o haviam conseguido esquecer os estragos causados pela liberdade de imprensa concedida no Vietn�.
Por mais de um m�s, o que se p�de ver (ou ler) sobre a guerra se resumia apenas �quilo que valia � pena (militarmente falando) ser mostrado - como foi para o Iraque a destrui��o de alvos civis por m�sseis americanos, mostrada com destaque pelo rep�rter Peter Arnett. Um outro exemplo foi o aviso dado no ar pelos rep�rteres da CNN em Bagdad, logo ap�s anunciarem o in�cio da guerra, no dia 17 de janeiro de 1991, informando que a partir daquele momento estavam impedidos pelo governo local de transmitir ao vivo os acontecimentos no Iraque. Da� para a frente, o conflito se transformou, para usar uma express�o que ficou famosa na �poca, em uma grande partida de v�deo-game, onde os perdedores eram sempre aqueles que buscavam informa��es precisas, ou pelo menos verdadeiras, sobre o que estava acontecendo na guerra.
Como se p�de observar, a pr�tica da censura militar durante os per�odos de guerra acompanhou a evolu��o dos conflitos. Mesmo com tecnologia de ponta e sat�lites � sua disposi��o, o correspondente ainda precisa se sujeitar ao controle dos comandantes. Suas reportagens s�o lidas e, dependendo do conte�do, podem ser totalmente censuradas, ferindo a liberdade de express�o, garantida por quase todas as constitui��es do mundo.
O presente projeto � n�o s� uma an�lise das raz�es que procuram justificar o surgimento da censura - do ponto de vista militar - mas, principalmente a sua utiliza��o como arma de guerra - ao menos psicol�gica - e suas implica��es na imprensa mundial.
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