Nas primeiras vezes, ele simplesmente n�o notou. O problema � que aquilo passou a se repetir e se repetir e se repetir. Todos os dias de manh�, quando acendia o aquecedor para tomar banho, ele ouvia a vizinha do apartamento de cima fazer o mesmo. Ele achava curioso, engra�ado. Uma coincid�ncia bonitinha...
Tudo mudou numa madrugada de sexta-feira, quando ele chegou em casa depois de um ser�o no escrit�rio. Cansado, fedendo a cigarro, com o rosto e os cabelos t�o oleosos que chegavam a brilhar, resolveu tomar um banho. Eram umas duas da manh�. Ligou o aquecedor e come�ou a tirar a roupa. Foi quando aquele estalo seco vindo do 503 soou alto na �rea de ventila��o do pr�dio. Sentiu seu corpo inteiro gelar... ela havia ligado o aquecedor tamb�m.
Foi o banho mais longo da vida dele. N�o conseguia parar de imaginar o porqu� de aquela menina estar sempre tomando banho na mesma hora que ele. Ou melhor, at� imaginava algumas raz�es. Mas todas eram t�o sem prop�sito que n�o podiam ser verdadeiras. Ou podiam? "Meu deus. O que ser� que ela est� fazendo ali em cima?"
Na manh� seguinte, n�o tomou banho no hor�rio habitual, achando que escaparia da coincid�ncia. Mas a estrat�gia deu errado. Foi s� ligar o aquecedor para ouvir aquele som inconfund�vel vindo do apartamento de cima, como um eco maldito. Desta vez, ele sequer se molhou. Ficou sentado no vaso, aterrorizado com as imagens que passavam por sua cabe�a... imagens que mostravam a menina do 503, que devia ter uns 20 anos, nua, com os longos cabelos louros molhados, seu corpo inteiro envolvido pelo vapor da �gua quente, olhando fixamente para ele com aquele rosto angelical, o convidando para ficar debaixo daquela ducha forte...
Quando deu por si, estava com as m�os sujas de porra...
Envergonhado e ainda entorpecido pelas vis�es, acreditou na sua id�ia mais louca: "Ela gosta de mim".
Meia hora depois, quando saia para o trabalho, tremeu inteiro quando entrou no elevador. A menina estava l� dentro, com os cabelos molhados, o corpo exalando um perfume maravilhoso... Desesperado, ele n�o conseguiu desviar os olhos dos seios da vizinha, que pareciam querer rasgar a camiseta branca que ela estava usando. A menina, por sua vez, nem pareceu notar a presen�a daquele homem que, nem usando terno, ficava elegante. Gordo, fl�cido, baixo e calvo, ele era, como os amigos da reparti��o costumavam dizer pelas costas, um "man�"... daqueles que, quando suava, ficava com um colar de sujeira preta na base do pesco�o e que tinha, constantemente, dois pontos de saliva seca nos cantos da boca. Diziam at� que era virgem.
Naquele dia, n�o trabalhou direito. Recebeu uma bronca do chefe, coisa que nunca havia acontecido antes. Mas era imposs�vel concentrar-se em outra coisa. Estava obcecado pelos banhos com a vizinha.
As duas semanas seguintes foram terr�veis para aquela pobre alma. A obsess�o virou doen�a. N�o dormia mais, esperando a hora do banho na manh� seguinte. Comprou roupas novas, cortou o cabelo, fez at� as unhas. Tudo para encontrar a vizinha no elevador. Mas a mo�a, apesar dos banhos "juntos", sequer dava bom dia para o homem naqueles encontros di�rios a caminho do t�rreo.
Chegou � beira da insanidade. Abandonou o emprego, ficava horas trancado no banheiro, transformou-se num zumbi. E, ousadia m�xima para ele, passou a subir as escadas e, com o cora��o disparado, parar em frente � porta da vizinha, tentando criar coragem para tocar a campainha.
A coragem nunca chegou.
Por fim, sucumbiu � loucura. Foi encontrado pela pr�pria m�e que, depois de dois dias sem receber um telefonema sequer, foi at� o apartamento do filho e o encontrou desmaiado no banheiro. Nos pulsos, rid�culos arranh�es mostravam claramente que, nem em seu momento de maior desespero, aquele pobre coitado teve coragem de tomar uma atitude de homem.
Tratado e curado, foi proibido pela m�e de voltar ao velho apartamento. Acabou vendendo o im�vel e se mudando para outro estado, onde recome�ou a vida.
De sua nova cidade, n�o ficou nem sabendo da confus�o que deu em seu antigo pr�dio. Deu at� pol�cia! Dois meses depois de se mudar para o apartamento 403, o novo morador arrumou uma briga feia com a lourinha do 503. Foi no dia em que chegou a conta do g�s. Assustado com o valor alt�ssimo do servi�o, ele se lembrou imediatamente daquela estranha coincid�ncia dos banhos no mesmo hor�rio e resolveu dar uma olhada na �rea de ventila��o do pr�dio.
N�o deu outra: achou o gato da vizinha.
Tudo mudou numa madrugada de sexta-feira, quando ele chegou em casa depois de um ser�o no escrit�rio. Cansado, fedendo a cigarro, com o rosto e os cabelos t�o oleosos que chegavam a brilhar, resolveu tomar um banho. Eram umas duas da manh�. Ligou o aquecedor e come�ou a tirar a roupa. Foi quando aquele estalo seco vindo do 503 soou alto na �rea de ventila��o do pr�dio. Sentiu seu corpo inteiro gelar... ela havia ligado o aquecedor tamb�m.
Foi o banho mais longo da vida dele. N�o conseguia parar de imaginar o porqu� de aquela menina estar sempre tomando banho na mesma hora que ele. Ou melhor, at� imaginava algumas raz�es. Mas todas eram t�o sem prop�sito que n�o podiam ser verdadeiras. Ou podiam? "Meu deus. O que ser� que ela est� fazendo ali em cima?"
Na manh� seguinte, n�o tomou banho no hor�rio habitual, achando que escaparia da coincid�ncia. Mas a estrat�gia deu errado. Foi s� ligar o aquecedor para ouvir aquele som inconfund�vel vindo do apartamento de cima, como um eco maldito. Desta vez, ele sequer se molhou. Ficou sentado no vaso, aterrorizado com as imagens que passavam por sua cabe�a... imagens que mostravam a menina do 503, que devia ter uns 20 anos, nua, com os longos cabelos louros molhados, seu corpo inteiro envolvido pelo vapor da �gua quente, olhando fixamente para ele com aquele rosto angelical, o convidando para ficar debaixo daquela ducha forte...
Quando deu por si, estava com as m�os sujas de porra...
Envergonhado e ainda entorpecido pelas vis�es, acreditou na sua id�ia mais louca: "Ela gosta de mim".
Meia hora depois, quando saia para o trabalho, tremeu inteiro quando entrou no elevador. A menina estava l� dentro, com os cabelos molhados, o corpo exalando um perfume maravilhoso... Desesperado, ele n�o conseguiu desviar os olhos dos seios da vizinha, que pareciam querer rasgar a camiseta branca que ela estava usando. A menina, por sua vez, nem pareceu notar a presen�a daquele homem que, nem usando terno, ficava elegante. Gordo, fl�cido, baixo e calvo, ele era, como os amigos da reparti��o costumavam dizer pelas costas, um "man�"... daqueles que, quando suava, ficava com um colar de sujeira preta na base do pesco�o e que tinha, constantemente, dois pontos de saliva seca nos cantos da boca. Diziam at� que era virgem.
Naquele dia, n�o trabalhou direito. Recebeu uma bronca do chefe, coisa que nunca havia acontecido antes. Mas era imposs�vel concentrar-se em outra coisa. Estava obcecado pelos banhos com a vizinha.
As duas semanas seguintes foram terr�veis para aquela pobre alma. A obsess�o virou doen�a. N�o dormia mais, esperando a hora do banho na manh� seguinte. Comprou roupas novas, cortou o cabelo, fez at� as unhas. Tudo para encontrar a vizinha no elevador. Mas a mo�a, apesar dos banhos "juntos", sequer dava bom dia para o homem naqueles encontros di�rios a caminho do t�rreo.
Chegou � beira da insanidade. Abandonou o emprego, ficava horas trancado no banheiro, transformou-se num zumbi. E, ousadia m�xima para ele, passou a subir as escadas e, com o cora��o disparado, parar em frente � porta da vizinha, tentando criar coragem para tocar a campainha.
A coragem nunca chegou.
Por fim, sucumbiu � loucura. Foi encontrado pela pr�pria m�e que, depois de dois dias sem receber um telefonema sequer, foi at� o apartamento do filho e o encontrou desmaiado no banheiro. Nos pulsos, rid�culos arranh�es mostravam claramente que, nem em seu momento de maior desespero, aquele pobre coitado teve coragem de tomar uma atitude de homem.
Tratado e curado, foi proibido pela m�e de voltar ao velho apartamento. Acabou vendendo o im�vel e se mudando para outro estado, onde recome�ou a vida.
De sua nova cidade, n�o ficou nem sabendo da confus�o que deu em seu antigo pr�dio. Deu at� pol�cia! Dois meses depois de se mudar para o apartamento 403, o novo morador arrumou uma briga feia com a lourinha do 503. Foi no dia em que chegou a conta do g�s. Assustado com o valor alt�ssimo do servi�o, ele se lembrou imediatamente daquela estranha coincid�ncia dos banhos no mesmo hor�rio e resolveu dar uma olhada na �rea de ventila��o do pr�dio.
N�o deu outra: achou o gato da vizinha.
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Página inicial